Tarek William Saab, aliado de Nicolás Maduro, afirma que Lula foi cooptado durante a prisão; governo brasileiro se mantém em silêncio.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil |
O clima entre Brasil e Venezuela ganhou mais uma camada de tensão nesta semana, após o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusar o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, de ser um agente da CIA. Segundo Saab, Lula teria sido cooptado durante o tempo em que esteve preso, o que explicaria sua postura crítica em relação às últimas eleições venezuelanas.
Durante uma entrevista à televisão estatal venezuelana, Saab afirmou que Lula, ao lado do presidente chileno Gabriel Boric, faz parte de uma suposta estratégia da agência de inteligência dos Estados Unidos para desestabilizar o governo venezuelano. “Esse Lula que saiu da prisão não é o mesmo que entrou. Agora ele é um porta-voz da CIA”, declarou o procurador.
Acusações sem provas
Apesar do peso da acusação, não há qualquer evidência que sustente as afirmações de Saab. O governo brasileiro, por sua vez, decidiu não comentar o caso, mantendo o silêncio em meio às crescentes críticas de Lula à transparência das eleições realizadas na Venezuela em julho de 2024. O presidente brasileiro tem exigido a publicação das atas eleitorais, que até o momento não foram divulgadas pelo governo de Nicolás Maduro.
Repercussão internacional
A declaração do procurador-geral foi recebida com incredulidade e críticas na comunidade internacional. Especialistas destacam que a falta de transparência nas eleições venezuelanas é uma preocupação legítima levantada por vários países, incluindo o Brasil, e que o comentário de Saab parece ser uma tentativa de desviar o foco dessas questões.
Enquanto isso, a oposição venezuelana, liderada por María Corina Machado e Edmundo González, continua alegando que Maduro perdeu a eleição e que os resultados foram manipulados. A disputa política na Venezuela, aliada à pressão internacional por mais transparência, coloca Maduro e seus aliados em uma posição cada vez mais isolada.
Brasil e a crise venezuelana
A postura de Lula em relação à Venezuela tem sido marcada por uma tentativa de mediar o diálogo entre o regime de Maduro e a oposição. No entanto, a exigência de que as atas eleitorais sejam publicadas para que o Brasil reconheça oficialmente a vitória de Maduro intensificou as críticas por parte do governo chavista.
Essa acusação de Saab coloca mais lenha na fogueira das tensões diplomáticas entre os dois países e, apesar de não haver provas, a declaração reforça a complexidade da crise política que domina a Venezuela.
COMENTÁRIOS