Investigações apontam esquema bilionário de fraudes, liquidação extrajudicial e envolvimento estatal
Do Banco Máxima ao Master: a trajetória de risco
Fundado originalmente como Banco Máxima, a instituição passou por reestruturação e se reposicionou no mercado sob o nome Banco Master, adotado em 2021. Com sede em São Paulo, o banco apostou em crescimento acelerado, especialmente por meio da emissão de CDBs com taxas acima da média do mercado.
Comandado por Daniel Vorcaro, o banco expandiu suas operações e atraiu investidores — mas também chamou atenção dos órgãos reguladores.
Sinais de alerta e início das investigações
Em 2024, autoridades começaram a investigar movimentações atípicas em carteiras de crédito que serviam de lastro para operações financeiras com o setor público. O modelo era simples, mas perigoso: carteiras de crédito de difícil liquidez, algumas delas falsas ou infladas, eram oferecidas a outras instituições, como o BRB (Banco de Brasília).
Segundo a Polícia Federal, havia evidências de créditos inexistentes vendidos como ativos legítimos, com prejuízo estimado em até R$ 12 bilhões.
A operação frustrada e a virada judicial
Em 2025, o BRB anunciou a intenção de comprar 58% do Banco Master. A proposta, porém, foi travada pelo Banco Central, que já monitorava as fragilidades da instituição. A PF avançou e, em 18 de novembro, o BC decretou a liquidação extrajudicial do banco.
No mesmo dia, Daniel Vorcaro foi preso na Operação Compliance Zero, junto a outros envolvidos.
Esquema revelado: fraudes, ativos fictícios e risco público
De acordo com relatório da Justiça Federal, o Master operava com créditos fictícios em contratos de cessão, especialmente junto a órgãos do setor público. O BRB, banco público do Distrito Federal, chegou a adquirir parte dessas carteiras.
O juiz Ricardo Augusto Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, apontou que a fraude pode ter gerado rombo superior a R$ 10 bilhões. A PF reforçou que o sistema foi manipulado com “sofisticação técnica” e “blindagem institucional”.
O impacto no mercado e a resposta institucional
A liquidação gerou pânico entre investidores e clientes. O Banco Central assegurou que os valores protegidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) seriam pagos — mas alertou para tentativas de golpe durante o processo de ressarcimento.
Especialistas alertam que o caso expôs fragilidades no controle de risco e fiscalização bancária, além da proximidade entre interesses privados e agentes públicos.
Envolvimento político e pressão social
Nas redes sociais, o escândalo ganhou contornos políticos. O caso virou munição tanto para opositores quanto para aliados do governo. Nomes ligados à direita e ao centrão foram citados por veículos de imprensa como beneficiários indiretos do modelo de negócios do Master, embora não haja comprovações oficiais até o momento.
A fala recorrente nas redes sociais é: “E o Banco Master?”, usada como crítica à seletividade no noticiário.
Situação atual
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O banco está oficialmente sob liquidação extrajudicial desde 18/11/2025.
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Daniel Vorcaro permanece preso.
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O BRB contratou uma auditoria externa para apurar sua exposição ao caso.
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A Justiça bloqueou bens dos envolvidos e determinou perícia nas carteiras vendidas.
O caso Banco Master é mais do que uma crise bancária — é um alerta sobre os riscos da desregulação, da impunidade financeira e da mistura entre negócios e política. O episódio reforça a necessidade de transparência e fiscalização rígida no sistema financeiro.
O Diário da Cidade seguirá acompanhando cada desdobramento deste caso que já entrou para a história econômica do Brasil.

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